segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Falar mal dos Black Bloc é mole. Quero ver é ir em manifestação para apanhar da polícia


Há uma falsa polêmica no ar em relação aos Black Bloc, e ela vai de setores abertamente de direita até alguns que se pretendem de esquerda revolucionária. OS Black Bloc, por assim dizer, viraram a Geni do momento.  E, convenhamos, que isso é conveniente para quem pode ficar na penumbra de sua sala apenas regurgitando a melhor receita para que tudo continue na mesma.

De minha parte não vejo os Black Bloc como o problema do momento, nem a solução para todas as agruras em que as políticas neoliberais vigentes desde Fernando Collor nos meteram.  Aliás, nem os Black Bloc têm essa pretensão, pois como tática de manifestação eles realmente não podem pretender trazer respostas mais amplas. Quando muito, a existência dos Black Bloc nos oferece a possibilidade de que o aparato repressivo não possa atuar como bem lhe der na telha durante manifestações, como aconteceu nas fatídicas semanas em que o Movimento Passe Livre (MPL) começou a revolta contra o aumento de passagens em São Paulo.

Para os pensadores da direita é óbvio que os Black Bloc representam uma ameaça a uma ordem que se segura na apatia e na aceitação do império do capital sobre nossas vidas. Assim ao atacar instituições financeiras, o Black Bloc vão ao cerne (mesmo sem necessariamente terem esse objetivo) do atual estágio do capitalismo financeirizado. Por isso, têm o ódio da direita. Mas de onde vem o ódio da "esquerda". Para mim vem, pelo menos dos que ainda não aderiram abertamente à ordem capitalista como é o caso do PT,  o ódio vem da evidência de que perderam o monopólio das aspirações e da capacidade de organizar ações que deveriam sua obrigação, qual seja, a defesa de quem vai às ruas para exercer o direito constitucional da livre manifestação.

Por outro lado é interessante é interessante que tanto se fale dos Black Bloc e tão pouco se fale da violência da polícia. Ao contrário do que disse o Prof. Gilberto Maringoni (Aqui!), o texto de Trotsky sobre o terrorismo individual nem de pouco se aproxima da atual situação em que o Black Bloc atuam em nível mundial.  A verdade é que quem pratica terrorismo oficial (seja individual ou coletivo) são as forças da repressão. Basta contar, apenas no caso brasileiro o número de mutilados por artefatos lançados pela repressão, veríamos que Trotsky não estaria apontando o dedo para o lado de quem está sendo agredido, mas para o lado de quem agride. É que Trotsky era um revolucionário militante, e não apenas um leitor diletante da realidade.

Finalmente, os que hoje falam tão ardentemente contra os Black Bloc, seja à esquerda ou à direita, querem mesmo é que voltemos à situação anterior, onde as forças policiais agiam como queriam na repressão das manifestações. Para também citar Trotsky, eu diria que os inimigos dos Black Bloc querem a voltar da paz dos cemitérios, onde a juventude não tenha sequer o direito de sair às ruas para expressar sua indignação contra governos que entregam nossas riquezas, expulsam milhares de pessoas de áreas urbanas para apoiar os interesses das incorporadoras imobiliárias, e se locupletam com bilhões de recursos públicos. Ai, se me perguntarem, eu só tenho a dizer "Longa vida aos Black Bloc". Já aos partidos da esquerda revolucionária minha mensagem seria bem mais básica: parem de enrolar e comecem a organizar.