quinta-feira, 6 de junho de 2013

Palestra de Carlos Eduardo Martins levantou vários pontos para reflexão



A palestra proferida pelo professor Carlos Eduardo Martins como parte do lançamento local da sua obra "Globalização, Dependência e Neoliberalismo na América Latina" permitiu que ele brindasse a platéia com um rigoroso mas didático exercício de entendimento da realidade em que estamos imersos no Brasil, na América Latina e, por extensão, no mundo.

Mas alguns aspectos me pareceram especialmente importantes para serem compartilhados para quem não esteve presente.  Vejamos então:

1) Há uma gritaria estridente da mídia empresarial que visa alimentar os sentimentos mais reacionários contra os pobres que são assistidos por programas como o "Bolsa Família" e o "Minha Casa, Minha Vida".  Mas os números apresentados pelo Prof. Martins são significativos. Segundo ele enquanto o pagamento de juros pelo Estado consomem 5,5% do PIB,  a soma dos dois programas citados não chega a 1,0%. E por que essa política de favorecer os especuladores não é colocada claramente pela mídia ou até pelo próprio governo Dilma? Ora porque isto faria cair o castelos de cartas que sustenta o processo de dependência das quais as oligarquias se alimentam para parasitar a sociedade brasileira.

2) O Prof. Martins também apontou para um aspecto interessante no tocante à defesa da soberania nacional por parte das oligarquias (o latifúndio principalmente, sendo este um grifo meu) que se levantam contra as tentativas de integração regional com países da América do Sul quando, na verdade, a desnacionalização é o sonho de consumo desses mesmos setores que vêem nos EUA e nas potências europeias uma espécie de Nirvana do Capitalismo à qual pretende subordinar o Brasil.

3)  Um aspecto especialmente problemático que foi levantado se refere ao processo de reprimarização da economia brasileira cuja venda de produtos industrializados vem decaindo anualmente. Em contrapartida, o Brasil vem se tornando cada vez mais dependente da exportação de commodities agrícolas e minerais, o que aumenta o poder político dos setores mais atrasados das oligarquias. Por outro lado, o Prof. Martins mostrou que a China, ao contrário do que tentam nos inocular os analistas mais preconceituosos, tem os produtos manufaturados como o principal elemento de sua balança de exportações, o que explica a força econômica que este país ganhou na última década. E mais ainda, a China, ao contrário do Brasil, vem ampliando os gastos sociais e investindo efetivamente na construção de uma sólida economia interna, o que isola o país das crises cíclicas que o sistema capitalista atravessa.

4) Um aspecto bastante interessante que o Prof. Martins abordou foi sobre o objetivo por detrás de uma série de ações cometidas contra Lula e Dilma Rousseff que tiveram no chamado "Mensalão do PT". Para ele o real objetivo dessa pressão constante que as oligarquias realizam sobre o PT é realizar um exercício de domesticação política cujo objetivo é impedir a realização de mudanças estruturais na sociedade brasileira. O problema principal aqui parece ser o fato de que o PT não apenas aceitou os limites de uma democratização canhestra que foi possibilitada pelas oligarquias após 1985, mas como se tornou o principal sustentáculo deste processo de manutenção do status quo produzido pelo regime militar de 1964.


Se essa breve resenha da palestra está longe de abarcar o conjunto da análise feita ontem na Sala de Multimídia do CCH.  O consolo é que o livro do Prof. Martins está disponível nas melhorias livrarias online para os interessados comprarem.